"Se não é pela arte, pra que a alma pesando o corpo?" - Caio Soh

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Poesia sem nome nº 04


Como escalar esse muro?
Como transpor o intransponível muro que nos separa?
Realidades tão diferentes...
Mundos tão opostos...
Almas tão iguais.
Somos como fragmentos de um mesmo todo.
Somos parte e todo ao mesmo tempo.
Como impedir que a realidade continue construindo tijolos?
Como impedir que a vida construa seus próprios muros em cima de nossos sonhos?
Preciso escalar.
Mas algo me detém.
Parada, estática, imóvel.
O chão segura meus pés.
O vento segura meus cabelos.
E essa chuva que não quer cessar.
Olho para o céu.
Não é chuva, são meus olhos que insistem em derreter.
Minha alma se esvazia.
E ninguém assiste ao espetáculo da vida que acontece alheio.
E o muro cresce.
Aonde está você? Pode me ouvir aí do outro lado?
Me apaixonei por você.
Olho pra você.
Estático, parado, imóvel.
O vento mais forte leva também minhas palavras.
Imóveis, estáticas, paradas.
Toma posse de minhas idéias.
Ouço um canto surgir em meu peito.
O muro então se desfaz dentro de mim.
E a chuva cai molhando toda a minha existência.

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