"Se não é pela arte, pra que a alma pesando o corpo?" - Caio Soh

terça-feira, 30 de julho de 2013

A arte de caminhar

Caminha,
que caminhando tudo muda.
Tentei caminhar por terras que não me pertenciam,
Tudo mudou.
Tudo se muda muito mais do que se espera.
E na verdade nada muda.
É tudo o mesmo, como sempre foi.
O medo é o mesmo, o caminhar é lento.
O pisar é cuidadoso.
Creio que ainda não aprendi a pisar,
Sempre algo dá errado.
O caminhar é tortuoso e as vezes me sinto voltando ao mesmo lugar.
Tudo tem as mesmas cores,
o mesmo gosto amargo na boca.
E ao mesmo tempo tão distinto que não saberia explicar.
O caminhar me esgota, me engole, me afoga.
Mas não é esta a graça de caminhar?
Dar-se  contra paredes invisíveis,
estar frente a frente com aquilo que não se pode ver.
Caminhar é cair, e cair, e cair,
E as vezes levantar,
e perceber que de verdade nunca começamos a caminhar.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Ondas

É essa a onda,
Essa que traga tudo
que arrasta, que leva e que deixa.
Leva tudo aquilo que sou, ou que deveria ser.
Leva tudo aquilo em que acredito,
E me deixa nua, a mente nue, a verdade nua.
Me mostra como sou.
Essa é a onda.
Me descara, me escancara e me desnuda.
Estou nua, as emocoes a flor da pele
Estou carne e ferida.
Estou a um olhar de me afogar.
Mas a onda continua...
Como se nunca soubesse que podia me ter esse efeito.
Mas a possibilidade de nadar é sempre maior.
Ou pelo menos a vontade de nadar é sempre maior.
E aforgar-me.
Ai onda, pra onde me levas?
Quero ficar-me aqui. Nao me despedace. Nao me desapareca.
Nao me ondes
Me desondeca.

domingo, 28 de julho de 2013

Fugiste de mim

Fugistes de mim
Saístes a tragar outra verdade
Pode ser que tenha sido a sua verdade, mas não era a minha.
A minha verdade era você, e fugistes.
Tenho medo, assim como todos têm medo.
Mas não o tenho por aquilo que dirás,
Mas sim por tudo aquilo que silencias,
Silencias os meus gritos, o nó na minha garganta,
Silencias a impossibilidade.
Silencias os erros e as perfeições,
Silencias o estar, o ser, o saber.
E foges silencioso.
Não sei porque foges, mas foges.
E a cada tragada da sua verdade,
Deixa um pouco mais das outras verdades para trás.
E foges aí em sua verdade,
Me deixando sozinha, como na verdade, eu sempre fui.


(versão original em espanhol)