"Se não é pela arte, pra que a alma pesando o corpo?" - Caio Soh

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Aghata


Ao subir pelo túnel do metrô, Aghata se encontrou completamente sozinha na rua, mas não tinha problema, era sempre assim. Sempre saia à noite as ruas estavam vazias. O dia seguinte era dia de trabalho, mas ela não se importava muito. Na verdade, nada importava muito, Aghata procurava um sentido para as coisas, e ela sempre achou que era à noite que ela ia encontrar.

Atravessou a rua que ainda estava quente do sol que tinha feito durante o dia, o que não era tão comum por aquelas partes da Europa, e chegou ao outro lado quase que automaticamente. Ela já conhecia aquele caminho como conhecia o de sua casa.

Na boate clandestina no subsolo, Aghata sentiu-se em casa. Aquilo não fazia muito sentido, pois sua casa não era úmida e abafada como aquele lugar, mas sentiu-se em casa. Cumprimentou algumas pessoas e conseguiu com alguma dificuldade alcançar o centro da pista de dança.

Aghata viu o homem novamente. Ele estava, como em todas as outras noites, encostado na parede ao lado do bar, seus olhos não pareciam naturais, e sua pele muito branca chamava a atenção dela. Ela avançou na direção do homem, sentia um ímpeto que a puxava como mágica para perto do homem, e o barman lhe servia um copo de vinho.

Os dois entraram com voracidade no apartamento, a porta abriu com tal força que o som que emanou da batida na parede ecoou pelo corredor vazio. Eles estavam se beijando ardentemente e Aghata começou a tirar sua própria roupa sem muita preocupação de onde ia deixá-la.

O homem jogou Aghata contra a poltrona com certa violência, assim que ela olhou nos olhos do homem eles parecem inumanos. Aghata se encolheu na poltrona quando percebeu que um medo inexplicável começou a tomar conta dela.

O homem se aproximou e calmamente explicou para ela que há muito tempo atrás, antes mesmo do que qualquer coisa que ela possa imaginar, sua espécie foi condenada a sobreviver em virtude da espécie da mulher, e que há muito ele vinha observando-a. Sabia que ela procurava alguma coisa, e ele estava muito satisfeito em poder oferecer isso a ela.

Aghata entendeu o que o homem falava e foi começando a ficar mais confortável com o que ele dizia. Aquilo soava realmente como o algo que Aghata havia procurado por boa parte de sua vida, a forma como aquele homem vivia acima de toda a sociedade, vendo tudo como um grande jogo, como ele se tornara uma peça mais importante e mais consciente nesse jogo. Aghata queria aquilo e o homem estava oferecendo.

Sem oferecer resistência, Aghata se encostou na poltrona, o vestido segunda-pele caído abaixo de seus seios, deixando os bicos dos peitos perfeitos para fora. Ela sentiu o frio da pele do homem emanar por todo o quarto, seu corpo estremeceu, o homem parecia mais branco ainda sob aquela luz, ou será que era ele mesmo? Tudo o que Aghata havia esperado a vida toda agora poderia ser resolvido com uma simples mordida. Inclinou suavemente sua cabeça para o lado e esperou o homem sorver seu sangue, o que lhe deu um prazer inigualável.