"Se não é pela arte, pra que a alma pesando o corpo?" - Caio Soh

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poesia sem nome nº 02


Essa manhã acordei criança.
Brinquei como criança nos ladrilhos da calçada.
E como criança decidi meus lados.
Brancos e Pretos.
E vi o adulto dentro de mim observar a criança.
Atravessar a linha seria escolher um lado.
E a insegurança do adulto segurou a criança.
Era tão mais fácil escolher lados quando a criança comandava.
O adulto se contenta calmamente em pisar na linha.
Manter-se impávido, indeciso, imparcial.
Pisar na linha, observar os lados.
Ficar ali era como poder voltar.
Ou ir. Independente.
A não-decisão.
A criança dentro de mim não entendia o adulto.
“Não pode pisar na linha, tia”
A grande indecisão da vida.
Simples.
Olhar novamente com olhar de criança.